Alísio Saraiva é natural de Castelo Branco e a sua apetência para a música iniciou-se desde cedo, tendo mostrado a sua vocação para instrumentos de corda ainda na adolescência. Autodidata desde sempre, no seu percurso musical de mais de 50 anos, integrou vários grupos de música e foi responsável pela criação de alguns. De 1978 a 1980 integrou o conjunto música “Vértice”, no qual tocou guitarra baixo. Em 1980 foi um dos fundadores da Associação Cultural e Social Rancho Folclórico de Rancho Folclórico de Retaxo, no qual tocou instrumentos como o cavaquinho e a guitarra clássica. Foi nesta Associação que em 1994 teve o 1º contacto com a viola beiroa, instrumento que se tornou a sua paixão, graças a 2 violas oferecidas pela secretaria de estado da cultura. Em 1993 iniciou o ensino de viola a jovens. E em 1995, criou o grupo de música tradicional “Sons da Beira” composto por músicos por ele formados. Foi neste grupo que começou a introduzir a utilização da viola beiroa e a explorar a sua versatilidade. Cedo compreendeu o seu potencial e o fraco uso que lhe davam. Em 1998 iniciou a investigação sobre as origens, os maiores tocadores deste instrumento e as afinações existentes e métodos de tocar. Percebeu que se tratava de “um diamante em bruto”. Foi assim que criou uma afinação mais versátil, de forma a poder ser usada na musica tradicional portuguesa. De 2000 a 2007 foi formador de viola beiroa na Associação das Palmeiras, em Castelo Branco, e foi responsável pela introdução da mesma no grupo Danças e Cantares de Castelo Branco. Em 2014 fundou a Associação de Violas Beiroas, com o objetivo de divulgar este instrumento. É nesta associação que nasce a orquestra de viloas beiroas resultado dos cursos de formação de aprendizagem deste instrumento. Ainda no ano 2014, com apoio do INATEL e do Instituto Politécnico de Castelo Branco, foi publicado o resultado do trabalho de investigação de 20 anos: “Viola Beiroa – Método”, em parceria com Miguel Carvalhinho e com prefácio de Domingos Morais. Para si o trabalho não estava concluído, depois de explorar as origens, as afinações, as formas de tocar, a sonoridade esplêndida, e até as músicas mais emblemáticas do folclore beirão é em abril de 2014 que constrói a primeira viola beiroa, réplica da viola do tocador Manuel Moreira (de Penha-Garcia, Idanha-a-Nova). A técnica de construção aplicada neste instrumento faz com que a sua sonoridade seja algo de invulgar em instrumentos desta característica. Este modelo valeu-lhe o reconhecimento do município de Idanha-a-Nova que irá oferecer ao Museu da Música de Hamamoto, no Japão, um exemplar. Ainda este ano irá realizar em Idanha-a-Nova, a convite dessa autarquia, um curso de construção de violas beiroas.
Durante o seu percurso musical, Alísio Saraiva, fez atuações de norte a sul do país integrado em vários grupos, e a solo. A música é a sua vida, a viola beiroa a sua paixão, o seu objetivo, ressuscitá-la, promove-la e principalmente ensinar tudo o que aprendeu com ela ao longo de 20 anos de trabalho, para que nunca mais este belo instrumento caia no esquecimento do povo beirão.